“QUE É FEITO de TI?!”
Ao Celestino Chaves,
O TINO da Tia Mimi
de Águas Frias
O CASTELO DE MONFORTE DE RIO LIVRE é um lugar que revisitamos com muito gosto.
De lá, podemos apreciar toda a Veiga de Chaves e os graciosos e imponentes montes e montanhas que a “circunvizinham”.
É um dia de Verão, quente como o costume, na NORMANDIA TAMEGANA.
O leve ar fresco que sopra da Galiza ameniza o calor e dá um saboroso conforto à sombra das árvores espalhadas pelo recinto do recreio do Castelo.
Aí chegado, temos sempre a sensação de estar a ser vigiado por sentinelas vestidas com armadura de ferro e armadas com arcos e flechas; parece-nos ouvir o tropel de cavalaria inimiga, o sibilar de flechas e virotões; ver os ventos cruzados atirar uma enorme nuvem contra outra, assemelhadas a dois santos engalfinhados, à espadeirada, a ver qual deles, S. Jorge ou S. Tiago, tinha espada mais afiada e de melhor têmpera e os mais fervorosos beatos falsos.
Nas ameias, julgávamos ver odaliscas a dançar os véus e o corpo como promessa de «mil e uma noites» de prazer.
Pelo desfiladeiro norte, espreitámos os Caminhos de Santiago sem topar caminheiros nem cavaleiros.
Pelo planalto, a sul, estendemos o olhar, sem dar conta da vista de mouros ou cristãos.
Julgámos ouvir um gemido, doloroso e apaixonado, junto à muralha de nascente.
Aproximámo-nos, e parámos junto a uma fonte seca. Na beira da pedra, onde antes de punham os cântaros ou as bilhas, para depois se levantarem até ao ombro ou à cabeça, vimos uma pedra do tamanho de uma mão larga.
Chegámo-nos mais perto.
Por debaixo da pedra do tamanho de uma mão larga espreitava um pedacinho de papel.
Olhámos vagarosa e atentamente em redor.
O pio áspero e agudo de um milhafre fez-nos dar conta do assombro, e do assombroso silêncio, que nos rodeia.
Chegámo-nos à fonte seca, junto à muralha nascente.
Talvez a pedra do tamanho de uma mão larga e o papel que pisava e escondia fossem um ritual para, chegado o anoitecer e o luar começasse a brilhar, alguma moira encantada regressasse à vida de princesa de Monforte de Rio Livre.
A coragem deu-nos força para deitar a nossa mão estreita à pedra do tamanho de mão larga.
Levantámo-la com uma, e logo apanhámos o papel com a outra!
Estava dobrado em forma de navio, tal qual aquele que fazíamos, na meninice e na juventude, com uma qualquer folha de jornal de papel de forrar o louceiro ou do caderno de cópia e de ditado.
Voltámos a olhar atentamente à nossa volta.
Apurámos o ouvido.
Nada!
Procurámos uma sombra mais confortável e acolhedora.
Voltámos a comprovar o nosso sossego e a nossa solidão.
Desdobrámos, com todo o cuidado e algum receio, o papelinho dobrado em forma de navio.
E lemos:
…,
“QUE É FEITO de TI?!”
Tu!
Que é feito de ti?!
Por onde tens andado, que não te tenho visto?
Por que fugiste?!
Não. Tu não fugiste.
Deixaste-me!
Deste conta de um largo e longo caminho à tua frente quando te lembraste que o meu era estreito e curto.
Tiveste pressa em percorrê-lo. Mesmo sem saber se esse caminho podia terminar logo ali ao desfazer a primeira curva ou no princípio da segunda ladeira.
Avaliaste-me as forças, e viste que eu não podia acompanhar-te a passada.
Fizeste bem.
Fizeste bem?!
Espero bem que sim.
Fechaste a porta, dos teus olhos e do teu coração.
Nunca mais te vi.
E já lá vai tanto tempo!
Sim, tanto! Porque esse tempo corresponde ao espaço da minha vida preenchido com toda a pena pela tua ausência e coberto pelas saudades da alegria de viver que me davas!
Tu!
Que é fito de ti?
Por onde tens andado, que não te tenho visto?
Se ao menos andasses em boa companhia!
Os teus dias são maiores do que as noites?
O desfiladeiro que nos separa é enorme, íngreme, sem veredas ou carreiros por onde eu possa partir à tua procura.
Tu estarás lá no alto, empurrada pela sorte, pela fortuna, pela felicidade.
Eu permaneço cá no fundo, com a tristeza e a saudade.
A vida escoa-se-me cada vez mais depressa.
Sinto pena, imensa pena de não poder ver-te.
Tu!
Que é feito de ti?!
…….-
Agora digam que a NOSSA TERRA, a NORMANDIA TAMEGANA e a voivodia de ÁGUAS FRIAS não são “TERRA de ENCANTO”!
M., 2 de Julho de 2014
O caval(h)eiro de Monforte
NOTA: Este é um texto inédito com que o meu muito amigo e amante da nossa terra, Senhor Luís Fernandes, quis lisonjear-me, publicando-o aqui neste espaço que, ele sabe-o, também lhe pertence. Um abraço fraterno desde Monforte até à sua querida Granjinha.
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