A tristeza que agora demanda estas ruas, ali bem no centro da aldeia, contrasta com a alegria transbordante que por aqui passava na época do Entrudo . Esse tempo que, como se sabe, significava exactamente o início de um outro tempo, desta feita religioso, ou seja, o tempo da Quaresma.
Um tempo que muito antes da nacionalidade já os pagãos usavam para se divertirem. Um tempo que, na Idade Média, servia para os fidalgos darem alguma liberdade aos seus escravos permitindo~lhes que se travestissem de nobres, enquanto estes surgiam com as vestimentas dos seus súbditos.
Aqui, na nossa aldeia, já não voltaremos a ver os "velhinhos" (caretos), vestidos com roupas velhas, uma máscara a tapar o rosto, um carapuço elaborado artesanalmente com o recurso a arame e muito bem enfeitado com fitas (serpentinas). Cruzando o tronco, penduravam as campainhas que, nesse dia, eram retiradas do pescoço dos bois. Nas mãos seguravam vigorosamente uma pele de coelho seca e, quase sempre, uma soga. Surgiam no Conselho, vindos de ruas diferentes, e era ver a rapaziada, quais atletas nos tacos de partida, prontos para uma corrida que, quantas vezes, obrigava a saltar paredes ou a procurar refúgio em varandas onde os "velhinhos" não pudessem chegar. Alguns já levavam debaixo da samarra um bom revestimento de palha onde podim bater sem fazer mossa.
Também já não voltaremos a ver a malta que, inesperadamente, aparecia de saco às costas a atirar formigas para aqueles que se pusessem a jeito. Não voltaremos a ver as matrafonas que nos davam que pensar sobre a sua identificação, tão bons eram os disfarces usados. E também não teremos oportunidade de voltar a ver o carro de bois que a malta empurrava e que ia apregoando a venda do queijo - mesmo com o frio que se fazia sentir havia sempre alguém disponível para se colocar em cima co carro e fazer o percurso com o cú ao léu.
Hoje não fui à aldeia. Creio, contudo, que as ruas estarão nuas e tristes como as encontrei no passado domingo. Esse domingo gordo que me propoprcionou uma agradável surpresa. Quando uns poucos estavam no café do Rique eis que irompe por ali dentro a Dete e, acto contínuo,pousa sobre uma mesa um bolo acabado de sair do forno. - Quem faz anos? - perguntei. E a boa da Dete responde: - Como é Carnaval resolvi fazer um bolo e trazê-lo para, todos, comemorar-mos. E, com a preciosa ajuda da Noémia, que lhe fez chegar a necessária faca, vai de começar a partir o bolo em fatias e, com os guardanapos que também trouxe consigo, foi fazendo a distribuição pelos que aí se encontravam.
Safou-se o Rique, neste caso o Bino, que aproveitou para vender mais umas cervejitas, sem as quais não seria fácil engolir o fofo. E safámo-nos também nós, porque o gesto da Dete veio alegrar um dia que, afinal, não pode ser de tristeza.
Ah! o Bolo estava excelente. Obrigado minha boa amiga.
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