Sábado, 29 de Dezembro de 2007

...

 

Nos anos 40/50 do século passado, no tempo da "outra senhora", portanto, a necessidade de controlar tudo e todos passava, também, por nomear pessoas da confiança do governo ou dos seus mais directos representantes ainda que, eufemisticamente, passasse a ideia de que o que importava era a segurança das pessoas.

Pois bem, esta fotografia, já com umas dezenas de anos, mostra-nos um pequeno trecho da chamada Rua Central, ali mesmo onde se vira para o Bairro da Lampaça, podendo observar-se, exactamente na confluência das duas vias, as entradas da adega e da casa que pertenceu a Manuel Fontoura, mais conhecido por "o Rua" e que foi nem mais nem menos que o último Regedor da Freguesia, tendo sucedido no cargo ao meu saudoso tio Regedor (assim foi conhecido e tratado até que a morte o levou), de sua graça, Aurélio Paiva.

Ora, o Regedor era nomeado pelo Governador Civil e seria, obviamente, pessoa da sua inteira confiança. Na prática funcionava como a autoridade policial da Freguesia e tinha autonomia para, se assim o entendesse ou para tal fosse mandatado, entrar na casa de qualquer pessoa desde que o fizesse antes do pôr-do-sol.

A casa foi, entretanto, adquirida pelo Rogério Costa, com o pecúleo conseguido em terras belgas e, para lhe dar o seu toque pessoal e criar as condições de habitabilidade indispensáveis, o actual proprietário procedeu a obras que transformaram a antiga casa na moradia que agora se pode observar.

 

 

Já agora, deixem-me aproveitar para, desta tribuna, desejar que os anseios de todos os Aquafrigidenses e dos amigos que insistem em visitar este cantinho se concretizem já em

 

 

2008

publicado por riolivre às 16:47
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Sábado, 22 de Dezembro de 2007

Águas Frias - Natal

 

 

 

 Mesmo não sendo nada actual, achei que esta foto não ficaria nada mal como postal de Boas Festas.

 

Então, deixem que deseje a todos os Aquafrigidenses espalhados pelo mundo e a todos os que se dão ao trabalho de visitar o blog

 

 

 

UM BOM NATAL

E

FESTAS FELIZES

 

publicado por riolivre às 00:26
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Terça-feira, 4 de Dezembro de 2007

Águas Frias - A matança

Andava para aqui a tiritar de frio, que ele demorou mas acabou por chegar mesmo e,  com a geadona que um destes dias nos recebeu logo pela manhã, dei comigo a pensar sobre como estaria tanta gente a pensar que, finalmente, poderiam agendar a matança que, como bem sabemos, exige muito frio para que se deva realizar em boas condições. Hoje, é claro, estando sempre de olho na ASAE, não se lembrem os ditos de vir por aí arriba e mandar prender toda a gente. Proponho que essa gente seja absolutamente proibida de cheirar, sequer, qualquer alimento proveniente do nosso muito apreciado artesanato.

E foi a pensar exactamente nessa festa que a matança encerrava noutros tempos que me lembrei de procurar algum documento fotográfico que andasse aqui por casa. Valeu a pena. Acabei por topar uns retratos que, embora não sejam de grande qualidade, servirão, ainda assim, para alguns se reverem e, sobretudo, para relembrar algo que, infelizmente, começa a fazer parte de um conjunto de elementos etográficos da nossa aldeia que se vão perdendo.

 

 

Este belo exemplar que podemos observar é uma reca que foi "cevada" com as melhores rações tradicionais em casa do meu tio Filipe. Chamavam-lhe "soberana" porque, depois de fazer uma criação, ainda permaneceu em casa por mais um ano, em engorda, tendo atingido o interessante peso de 357 Kgs. Era, de facto, uma ceva de peso. E, em Dezembro de 1987, acabaram-se-lhe os dias.

 

 

Momentos antes de um grupo de homens a tentarem agarrar, a Maria Alice, sob o olhar atento do pai, adoça-lhe a boca pela última vez, na tentativa de a acalmar. É que o bicho foi mesmo difícil de segurar.

 

 

Aqui já o Zé Alexandre tinha conseguido meter-lhe a corda no focinho, única forma de a fazer chegar junto do banco onde viria a expiar.

 

 

Confesso que foi uma pena não ter captado essa luta que foi mantida com o animal por uma série de homens que, finalmente,o conseguiram deitar e segurar sobre um banco onde já haviam perecido inúmeros antepassados.

 

 

Como em qualquer crime bem perpretado, a faca e o alguidar são, como se sabe, indispensáveis. Neste caso coube ao Zé Alexandre (antes era o meu tio Regedor) segurar aquele enorme facalhão que esperou o ano inteira para, desta feita, penetrar o pescoço da enorme reca, acertando em cheio no seu coração, enquanto a Maria Alice segurava o alguidar onde o sangue ia sendo mexido para, dali a pouco, nos podermos deliciar com esse verdadeiro petisco em que a cozedura o transforma (uma parte dele, contudo, fica reservada para fazer as "sangueiras", essa deliciosas chouriças com que ainda nos podemos regalar).

 

 

Havia agora que chamuscar o bicho, tarefa que coube ao Samino e ao Dinis (o Dinis, infelizmente, já nos deixou). Enquanto o Samino vai queimando o pêlo com o "faxuco" de palha, o Dinis, com uma faca, vai raspandoa pele para, de seguida, se proceder à lavagem do animal, esfregando-o com água e umas pedras de granito. Neste momento estou a imaginar o que aconteceria se um qualquer desses defensores dos animais presenciasse uma cena deste tipo. Eu até pagava para ver.

 

 

Depois de bem lavado, volta ao banco para ser aberto na zona da barriga. É nesta fase que se obtem a carne que vai dar origem a mais essa especialidade culinária que são os "rijões". A tarefa das mulheres, agora, é colocá-los no pote grande onde vão rijar até constituirem esse suculento e bem merecido almoço.

Entretanto o reco é pendurado na vertical, de cabeça para baixo, sendo-lhe retiradas a tripas, que as mulheres vão "estremar", que o mesmo é dizer, separar, para, posteriormente, irem lavar (antigamente isso fazia-se em zonas dos ribeiros onde a água corresse, de preferência, em fragas com alguma inclinação.

O animal ficava nesta posição durante alguns dias, para que o gelo tomassse conta dele sendo, depois, "desfeito", isto é, partido com a mestria de quem aprendeu com os de antanho, separando as carnes do fumeiro (para a sorça) e as pás e os presuntos para a salgadeira.

 

sinto-me: Guloso
publicado por riolivre às 18:14
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