Águas Frias tem, como quase todas as aldeias deste País, um orago, isto é, um santo padroeiro em honra de quem, anualmente, se faz uma festa com o intuito de reunir famílias e amigos e de ver demandar a aldeia uma multidão de forasteiros. Há muitos anos serviam também para alguns "engates". Quantos casamentos não se fizeram por esse arraiais...
Ora, o santo padroeiro de Águas Frias é exactamente o S. Pedro. Já o era, alíás, de Monforte que, antes desta designação, se chamou de S. Pedro de Batocas, mas essa é outra conversa.
Agora trata-se do S. Pedro e da festa que ora se faz, ora não se faz. De resto, nem sempre são nomeados os mordomos mais dinâmicos e, depois, quantas vezes, chegam as vésperas e lá fica tudo a perguntar-se por que raio não vai haver festa.
Há muitos anos, o S. Pedro até foi meio trocado pela Santa Bárbara, cuja lituirgia a situava no calendário lá mais para Setembro, mas isso ficará para outra conversa.
A verdade é que este ano, mais uma vez, os tais mordomos não estiveram pelos ajustes e, vai daí, se querem festa vão procurá-la onde a houver. Consta que terá havido mosquitos por cordas, mas eu, como estou um bocado distante, não estou nem quer meter-me no assunto. Os velhotes é que se safaram. Não tiveram que abrir os cordões à bolsa para o cordeiro. Lá irá noutra altura, que ele há mais marés que marinheiros.
Quer dizer, então, que na falta de fotos dos festejos deste ano, sou obrigado a recorrer de novo ao baú das recordações. Desta feita, encontrei umas fotos que um amigo de Vila Nova de Foz Côa fez em 1985. Aí sim, o cordeiro foi mesmo assado e "tratado".
Ora. com a devida vénia ao digníssimo autor, aqui ficam, para a posteridade, alguns retratos do S. Pedro de Junho de 1985.
Confesso que já não me lembro de que banda se tratava. Transmontana era com toda a certeza.Todavia, não queria deixar de chamar a atenção para a porta do café, onde pode ver-se o Henrique (o meu querido amigo Rique) que, desta feita, se tem havido festa, não poderia estar aí a servir-nos o café depois do almoço. Com efeito, um brutal e inesperado AVC (a vulgar trombose) atirou com ele para uma cama do Hospital há uns meses. Quando o visitei em Chaves receei o pior. Há dias, soube que estaria no hospital de Murça, em recuperação. Apressei-me a ir visitã-lo e pude constatar como, finalmente, está em franca recuperação. É que, mesmo não me tendo reconhecido, deisou-me contente, quanto mais não fosse, por já te recuperado, ainda que com uma sonoridade muito fraca, a fala que tinha perdido. Estamos todos a puxar por ti, Rique. Fazes muita falta atrás do balcão do teu café. A rapaziada está toda à tua espera. Não os deixes mal. Aquele abraço.
Se eu fosse poeta cantaria Águas Frias.
Se eu fosse poeta Águas Frias seria, certamente, a minha musa.
Mas como não sou mesmo poeta, limito-me a
Contemplá-la
Senti-la
Vivê-la.
E, já agora, deixem-me dizer que não pertenço a um certo clube-dos-pacóvios-que-têm-vergona-de-dizer-que-nasceram-numa-aldeia.
O meu clube é mesmo o dos que foram paridos e criados numa aldeia e que disso se orgulham muito.
Mais, hei-de ser sempre um rural/urbano, coisa que os urmanos nunca conseguirão ser. Eu posso dizer que tenho a minha aldeia (Águas Frias, no caso) e e minha cidade (Chaves, sem ser por acaso).
PS: Este último parágrafo tem a ver com um palerma que se lembrou de dizer ao Pluto (blog Chaves) coisas que só lembram aos pacóvios.
Há muitos filhos únicos que se sentem muitíssimo bem nessa situação. Não se pode criticar nenhum deles por via disso. Na verdade, os responsáveis foram, obviamente, os pais. Bom, mas não deixa de se encontrar um conjunto enorme de filhos únicos que sempre vão dizendo que, afinal, quem tem muitos irmãos, andem à bulha uns com os outros ou não, sew calhar é muito mais feliz do que quem vive sozinho com os progenitores. Ou seja, ainda há quem não seja assim tão egoista.
Pois bem, diga-se em abono da verdade que eu sempre achei que a nossa muito querida aldeia, a expensas do que acontece com a esmagadora mairia das aldeias deste País, não seria filha única. Os seus pais deveriam, com toda a certeza, ter deixado rasto por aí fora.
Certo certo é que já há uns anos que tinha descoberto a existência de pelo menos uma outra localidade com o nome da nossa algures no Algarve. Só que agora, com a ajuda preciosa das novas tecnologias - exactamente as mesmas que permitem estar, neste momento preciso, a fazer isto - não só pude comprovar como localizar esse torrão algarvio a que alguém decidiu, não sei bem quando (estou a tentar sabê-lo) dar o nome de Águas Frias.
Agora que já vos agucei suficientemente o apetite, dir-vos-ei que é um lugar - uma pequena aldeia, portanto - da freguesia de Alte, no concelho algarvio de Loulé.
E, para que vos pudesse dizer mais qualquer coisa sobre esta nossa irmã, consegui contactar o presidente da sua Junta de Freguesia que, com muita simpatia, me remeteu um e-mail onde, sucintamente, dizia tratar-se de uma aldeia com apenas 77 pessoas (censo de 2001) e com uma população muito envelhecida que, como na nossa, se dedica exclusivamente à actividade agrícola e pecuária. Refere, ainda, a existência de um estabelecimento comercial onde pode ser apreciada a gastronomia regional. Eu acrescento que fica na margem direita daquele que é, se a memória não me falha, o maior rio do Algarve, o Arade, e já muito próxima do limite com o vizinho concelho alentejano de Almodôvar.
Já prometi ao senhor presidente que, mal me desloque ao Algarve, lhe farei uma visita e uma deslocação à nossa Águas Frias algarvia
Deixo-vos aqui o mapa da freguesia de Alte onde, a norte, se pode vr Águas Frias.
Mas não vamos ficar por aquii. É que, do outro lado do Atlântico, também vive uma outra irmã. E, no imediato, fui levado a pensar se não teria havido algum conterrâneo da nossa diáspora que aí tivesse desaguado e, vai daí, ter criado a sua própria terra. No Brasil, não é difícil acontecer uma situação deste tipo. Mas, embora ligeiramente decepcionado, não posso dizer-vos que assim foi, ou melhor, alguém criou a dita localidade mas não foi nenhum dos nossos.
Ainda assim, não deixa de ser mais uma irrmã com que devemos passar a contar para o que der e vier.
Pois é, no sul do Brasil, como bem sabemos, só podia dar mesmo italiano. De facto, uma das muitas famílias de colonos italianos que se estabeleceram no Rio Grande do Sul, a família Bertasso, talvez na procura de melhores condições de vida, na década de 50 do século passado, tratou de subir um pouco mais para norte e, levando atrás de si um grupo de migrantes, também italianos, acabou por se estabelecer no oeste do estado de Santa Catarina, fundando uma pequena cidade a que deram o nome de Águas Frias exactamente por aí terem encontrado uma vertente de água gelada no meio do monte.
A elevação a cidade data de 12 de Dezembro de 1991, o que a levou a passar a sede de concelho, apesar de aí viverem apenas 2525 pessoas.
Como na nossa aldeia, também na Águas Frias brasileira é na agricultura que se ganha o dia-a-dia, uma vez que este sector representa, de facto, mais de 90% da actividade económica do município.
Eis a sua localização no estado a que pertence, mais concretamente na região de Chapecó.
Estamos, certamente, mais ricos, depois de termos trazido mais duas irmãs para a família.
Finalmente, lembrei-me que tinha pr'áqui um sítio onde, de vez em quando, deveria dizer qualquer coisa. De facto, ainda não consegui ganhar este bom vício de partilhar as coisas da nossa aldeia com os que estão longe e mesmo com aqueles que, afinal, também gostam de dar por aqui uma olhadela. E, diga-se, fico contente por isso.
Tornar-se -ia um pouco mais fácil pousar por estas bandas com mais regularidade se tivesse uma dessas coisas que tiram fotos e as deixam vr de imediato. Digamos que ainda não estou nessa onda, ou, se se quiser, que me mantenho na idade média da fotografia.
Então, de vez em quando, apetece-me ir ao meu baú de recordações e, às vezes, descubro coisas como a que vos deixo observar. Fará vinte anos no próximo mês de Dezembro que apanhei a Tia Balbina no tanque do "meu" Rabaçal a lavar a roupa na poça que também vai servindo para regar tudo o que se vai semeando e plantando por ali ano após ano e sem mostrar qualquer tipo de receia daquela água que, garanto-vos, estava gélida.
A tia Balbina já não vai lavar mais a roupa nesta ou noutra qualquer poça da aldeia. Como tantos outros conterrâneos, também ela teve de abandonar a sua casa e a sua terra, já com quase oitenta anos. Como tantos outros, ficou sozinha, com os filhos sem a poderem acolher nas suas próprias casas. Rumou a Mairos, ao lar onde foi encontrar a MInda - faleceu há um ano - e a Matilde - a "menina", como é conhecida na aldeia, embora já tenha chegado aos 86.
De facto, não basta o facto de os mais novos terem procurado o sustento noutras paragens, até os nossos idosos já têm de migrar para conseguir passar os últimas anos de uma vida inteira a mourejar com a dignidade que merecem.
Para a tia Balbina e Matilde um xi coração grande.
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